Especialistas do agronegócio possuem perspectivas variáveis em relação ao cenário mercadológico agrícola nesse ano de 2015. Para Fábio Silveira, diretor da Pesquisa Econômica da GO Associados, 2015 terá um crescimento inferior ao observado nos últimos 5 anos — uma média de 2,5% da receita agrícola, em relação aos 12,1% nos anos anteriores, o que representa um faturamento de R$330,1 bilhões. Veja mais sobre as previsões para o mercado agrícola brasileiro em 2015:
Crescimento
O crescimento esperado do agronegócio em 2015 se deve, principalmente, à produtividade de soja e café*. Para André Pessoa, sócio-diretor da Agroconsult, esse ano ainda não constitui uma fase de crise para a soja. Embora com margens apertadas e com redução no preço do mercado internacional, haverá crescimento da sua área de plantio em território brasileiro.
Em relação à produtividade nacional média do cacau, O Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014 prevê elevação devido ao aumento de sua demanda em países como Rússia, China e o próprio Brasil. Contudo, para que a previsão se estabeleça, faz-se necessário o fortalecimento das políticas de apoio e incorporação de tecnologias e boas práticas agrícolas.
Estabilização e redução
Em relação ao mercado de cana, milho, arroz, trigo e fumo, o panorama é de estabilização, embora a projeção para o milho, segundo André Pessoa, é de redução tanto de área de plantio quanto do preço no mercado internacional.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) irá diminuir o subsídio à produção de milho, devido à estagnação do mercado, e manutenção da subvenção de algodão, em detrimento do custo internacional da pluma em função do elevado estoque chinês. No que se refere à renda de algodão e laranja, a visão é de redução. Fatores que justificam esse panorama incluem a redução da demanda chinesa e o consumo brasileiro.
Maquinaria agrícola
Conforme Ana Helena de Andrade, vice-diretora da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea), embora 2014 tenha sido marcado pela desaceleração do mercado de mecanização em função da redução das margens dos produtores rurais, espera-se um bom desempenho em 2015, principalmente com o investimento em maquinaria de alta tecnologia e apoio tanto à agricultura empresarial quanto à familiar.
Já para as fabricantes americanas com atividade no Brasil, John Deere e AGCO, a visão é de estabilização. A fábrica da John Deere manterá os investimentos da companhia e investirá no lançamento de máquinas maiores e mais potentes.
Para a AGCO, embora tenha havido queda no mercado brasileiro a partir de 2013, não existem indícios de piora em 2015. Segundo o diretor de produtos Jak Torretta, talvez até haja pequeno aumento da renda no campo.
Cotação do dólar e o mercado agrícola brasileiro
Ainda que a recente alta do dólar seja fator importante na elevação dos preços de produtos agrícolas em reais, o que alavancou a comercialização de produtos da safra brasileira, como soja e milho, as vendas ainda não foram capazes de reduzir o atraso registrado nos últimos 2 anos.
O período de colheita do ano passado foi marcado por vendas muito mais aceleradas. Já em 2015, fatores climáticos em Goiás e Minas Gerais contribuíram para a desaceleração das vendas.
Apesar dos prognósticos negativos para a economia brasileira, felizmente podemos contar com o crescimento de setores que, mesmo com este cenário obscuro souberam investir em aumento da produtividade ao longo das décadas recentes. O agronegócio e alguns segmentos específicos da indústria serão imprescindíveis para reverter a descontinuidade na economia e na sociedade e o seu impacto na crise instalada na economia e no governo atual, até que a reorganização estrutural necessária seja concluída e surtam os efeitos desejados para a retomada do crescimento da economia.
E você? O que sugere sobre o mercado agrícola em 2015? Compartilhe conosco sua experiência!
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